
Ruy Relbquy
Ruy Relbquy é um artista visual nascido em Iguatu, no coração do Ceará, que atualmente vive e produz em Quixelô, cidade onde suas raízes culturais e espirituais encontram terreno fértil para florescer. Autodidata em pintura e pós-graduado em História da Arte, Ruy iniciou sua trajetória artística ainda na infância, estimulado por uma prima e, principalmente, por sua mãe, figura essencial em seu processo formativo, que o incentivava e fornecia os materiais necessários para a prática artística.
Sua obra mergulha na identidade do sertão nordestino, dialogando com a cultura do povo cearense e com suas raízes indígenas do povo Kixelô Kariri. Ruy pinta o cotidiano das comunidades rurais, a resistência dos povos do semiárido, os rituais da religiosidade popular e as tradições que correm risco de desaparecer. Através da memória, da observação e da sensibilidade, ele transforma paisagens e vivências em poesia visual.
Com um processo criativo que mistura pesquisa e experimentação, o artista desenvolve uma linguagem pictórica própria, mesclando o figurativo e o fundo abstrato em composições carregadas de afeto e simbolismo. Ele incorpora elementos da cultura popular e indígena em suas obras, muitas vezes utilizando pigmentos naturais, como o toá, para resgatar técnicas tradicionais e expressar, com autenticidade, a alma do sertão.
Seu estilo se destaca por captar a essência do ambiente sertanejo e indígena de forma profundamente sensível. A combinação entre cores quentes, texturas da Caatinga e símbolos ancestrais resulta em trabalhos que não apenas retratam, mas vivem o sertão. A escolha dos materiais também contribui para essa singularidade: além de tinta acrílica e óleo sobre tela, Ruy utiliza elementos naturais e grafismos indígenas que ampliam sua narrativa visual.
Sua trajetória inclui diversas exposições coletivas e individuais, no Brasil e no exterior. Entre os destaques estão a exposição individual Meu Terreiro (Sesc Iguatu, 2024), mostras na OMA Galeria (SP), Casa de Cultura de Sobral, e eventos internacionais como a Tribute to the African Continent (Noruega, 2021). Também participou da Bienal Naïf do Brasil (2018 e 2020), do Salão de Arte Contemporânea no Museu Regional do Norte de Minas (2022), da exposição Searar na Pinacoteca do Ceará (2022), entre outras. Em 2025, foi selecionado para a 76ª edição do Salão de Abril, em Fortaleza.
Como curiosidade, Ruy também pinta com a boca, em momentos de profunda conexão com a tela, uma prática que revela não apenas sua entrega, mas a natureza espiritual de sua arte. Mais do que representar um território, Ruy Relbquy transforma o sertão em linguagem viva. Sua pintura é um canto ancestral que resiste, pulsa e floresce.