Ronaldo Ferreira
O corpo que dança é um corpo que transcende, que acessa o sagrado, realizando em si cada forma única, independente da coreografia. Independente da coreografia, cada corpo que dança é único e, por consequência, cada movimento também. Sagrado! Como os que reverenciamos em modos e nomes. Sagrado! Como o candomblé em que a dança é manifestação vital através dos sons dos tambores. Disso tudo e nisso tudo, homem da dança, educação e artista plástico, Ronaldo Ferreira.
Vivendo em Brasília há quase 27 anos, Ronaldo Ferreira coreografa tecidos através da estamparia, utilizando a técnica do Batik, originária da ilha de Java e bastante divulgada na Índia e no continente africano. Seu início foi lá em 1979, em Salvador, Bahia, adotando como temática os símbolos, signos e deuses do candomblé. Para isto lançou mão de suas vivências em grupos de dança folclórica, a religiosidade, a riqueza cultural do seu estado de origem e seu processo de resgate das origens culturais de seus antepassados.
Seus trabalhos, antes apresentados apenas em estandarte de tamanhos variados, assumem outras formas, inclusive artigo utilitário, a exemplo das almofadas. Posteriormente, temas da cultura ameríndia, o grafismo, figuras rupestres e elementos marinhos foram introduzidos, além de trabalhos em totens, utilizando uma linguagem do grafismo e dos símbolos.
Ronaldo Ferreira já realizou diversas exposições no Brasil e no exterior, com destaque para as coletivas, como: no Expolatina de Artes – Colômbia, Teatro da Trinidad, em Lisboa; Opaxorô, em Salvador; II Congresso de Cultura Afro-Americana, em Salvador; Semana da Bahia, em Nova York, Casa do Brasil, em Madri e Africanidades Brasileiras, em Brasília. As principais mostras individuais foram realizadas no Encontro Brasil-África, em Salvador, Deuses Africanos, em Palmas de Gran Canária e Afrobatik, em Buenos Aires.
O artista tem várias obras em diversas entidades, a exemplo da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira – Bahia, Pousada Ile Omni, em Imbassay- Bahia, Casa do Brasil, em Madri, Casa Fundação Jorge Amado, em Salvador e sede da OEA, em Buenos Aires.
Cada arte realizada é um contato com o sagrado. Cada oportunidade de contemplar, meio de elevação. Isso, possibilitado pela dança de técnica, cores, representações, símbolos de Ronaldo Ferreira. Axé.