Michael Silva
Michael Silva é um pintor e designer gráfico paulistano, que nasceu e cresceu no Parque Santo Antônio, zona sul de São Paulo. Atualmente reside em Embu das Artes. O primeiro contato com a arte foi através do tio artesão, que utilizava a técnica da pintura em telhas de barro (uma tradição muito popular da cultura nordestina), além de algumas pinturas em parede. Michael começou fazendo cópias de desenhos que via em revistas, livros escolares, jornais e animações. Contudo, a decisão pela carreira de pintor veio somente quando teve seu primeiro contato com as obras de Cândido Portinari e Pablo Picasso através dos livros. Anos mais tarde, somaram-se a eles outras referências, como as de Jean Michel Basquiat e Maxwell Alexandre.
Autodidata, pinta a realidade em que vive através de um olhar sensível e pessoal, retratando temas políticos e da vida cotidiana na periferia, tais como: a correria do dia-a-dia, a cultura dos bailes, o funk e suas belezas e a religião. Transpõe para a tela tudo o que o atravessa, como no caso da obra “Com as próprias mãos” (2021), na qual tem destaque a diversidade étnica brasileira e a bandeira nacional manchada de sangue, e na pintura intitulada “O bonde”(data), que representa o caos e a poesia que emanam da aglomeração urbana.
Utiliza em seus trabalhos a técnica do óleo/ acrílica sobre tela, criando uma arte de caráter figurativo, que conduz o espectador ao questionamento e à curiosidade acerca dos temas abordados. Longe de adotar uma postura passiva frente à realidade, suas obras traduzem um sentimento de inconformismo, constituindo-se em um verdadeiro chamado à ação. Este que tem início no reconhecimento de si como parte da multidão anônima que transita pela cidade nas grandes metrópoles.
Tem como inspiração, além dos já citados artistas, nomes como Heitor dos Prazeres e suas pinturas que evocam as rodas de samba, e Frida Kahlo, com sua arte autobiográfica, expressão de sua cultura e de seu ativismo. Esses artistas não só foram seus alicerces, como também o levaram a desenvolver suas potencialidades e traçar um caminho para seu trabalho, em um território que à princípio acreditava ser muito distante e até mesmo impenetrável. Suas obras foram apresentadas na exposição individual Da ponte pra cá (2020), realizada no núcleo da Fábrica de Cultura do Capão Redondo, sudoeste de São Paulo, e também no 2º Projeto Graffiti no Astro (2023), mostra coletiva, em sua cidade natal.