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Júlio Xavier

O artista Júlio Xavier, que também é mestre em História, psicólogo clínico e arteterapeuta, é natural e residente de Niterói, Município do Rio de Janeiro. Sua trajetória nas artes plásticas vem de longa data, mas a tomada de consciência sobre o seu ofício ocorreu durante um estágio no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs), na cidade de Pelotas-RS. No local, teve a oportunidade de participar de oficinas de mosaicismo conduzidas por uma psicóloga da instituição junto à comunidade. Em dado momento, percebeu que os materiais e técnicas utilizados não despertavam a criatividade dos pacientes de maneira efetiva e que isso fazia com que eles não se engajassem tanto nas atividades terapêuticas, o que comprometia a sua eficácia.

Começou então a fazer experiências com materiais pouco convencionais e acessíveis, que viabilizassem a realização das atividades no CAPs, chegando às embalagens de produtos do dia a dia. A partir daí, viu que seria interessante aliar arteterapia a noções ambientais, visando o despertar de uma consciência em seus participantes sobre a reciclagem desses materiais de descarte. O fato se relaciona a suas primeiras interações com a arte no período escolar, no qual realizou muitos trabalhos com madeira. Essas memórias e suas vivências no campo profissional e acadêmico ressoam amplamente em sua produção, tanto nos temas abordados quanto no aspecto formal.

Para Júlio, a arte é um instrumento de libertação e a inspiração para suas criações vem justamente da necessidade de utilizá-la como veículo de conscientização. Os temas abordados se relacionam às maiores questões contemporâneas, tais como a poluição e seus efeitos na sociedade, relações étnico-raciais e direitos humanos. Esses são alguns dos tópicos que o tocam poeticamente e que se fazem presentes em obras como Débito, Crédito ou Arte (2023), que incorpora fragmentos de cartões plásticos de diversas cores e marcas, deixando aparente a sua origem. E também na obra Sankofa (2024), que representa um ideograma africano, um pássaro mítico que voa para frente, tendo a cabeça voltada para trás e carregando no seu bico um ovo - o futuro -, situado em um fundo verde cobalto (metal raro abundante na região do Congo).

Sobre os materiais empregados, o artista afirma: “Utilizo o que nós normalmente jogamos no lixo: embalagens plásticas de detergentes, condimentos industrializados, cosméticos, embalagens de leite longa vida, cartões plásticos financeiros em geral, etc.” A técnica utilizada é a mista que inclui ainda a tinta acrílica e o papel craft. A junção desses materiais busca surpreender e despertar curiosidade no espectador acerca de seus processos artísticos, bem como gerar interesse pelos materiais que o integram. Há um jogo de sentido entre o valor agregado ao cartão de crédito como meio de pagamento e o valor de seu corpo plástico depois de desativado. A saturação das cores e o teor crítico de suas obras remetem ainda à Pop Art, um movimento artístico e cultural de grande relevância.

Suas obras já foram expostas no saguão do Ministério da Agricultura, em Brasília-DF, junto a outras 15 obras selecionadas em todo o Brasil, e também no Encontro da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), realizado na Universidade Federal Fluminense, em Niterói.

© 2022 por Ícone Assessoria Artística

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