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Fernanda Lis

Muito distante da rigidez alvíssima da arquitetura de sua cidade natal, a brasiliense Fernanda Lis, que reside há quase 30 anos no Rio de Janeiro, descreve sua obra como “uma expressão direta da beleza da natureza e da vida cotidiana. Cores vibrantes e texturas ricas se unem para retratar a fluidez e a harmonia do mundo ao nosso redor. Cada obra é um convite para contemplar a serenidade e a poesia que permeiam nossa existência, capturando momentos efêmeros de inspiração encontrados no dia a dia”. A partir desse olhar, somos conduzidos à percepção de suas obras não como partes de um todo, mas como um todo em si mesmas. Cada pintura representa, desta forma, um conjunto vivo de sensações a desabrochar como flores a partir de seu núcleo, ou ainda, como um tecido fluido que ao abrir-se revela sua beleza.

Fernanda sempre teve interesse por artes em geral, mas a relação com a pintura como um ofício iniciou-se já na sua fase adulta, aos 20 anos, quando realizou uma produção de camisetas pintadas para vender. Na sequência, vieram outras pinturas em tecido e até algumas telas. Como forma de aprimorar seus conhecimentos na área, iniciou sua formação profissional no curso superior de Educação Artística/História da Arte da UERJ. Nesse momento, também participava de um grupo de Capoeira Angola - uma prática que combina elementos de arte marcial, dança, música e espiritualidade, refletindo a resistência e a cultura dos povos africanos e afro-brasileiros.

Em agosto de 1999, fez uma exposição coletiva junto ao seu grupo no Centro Cultural José Bonifácio, participando com 6 pinturas, sobre o tema Capoeira. Finda a exposição, acabou por deixar a pintura em segundo plano para se dedicar às salas de aula como professora de Artes, fato que se seguiu até 2022. Nesse ano, fez aulas de pintura formal em um curso na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde iniciou os trabalhos com a tinta acrílica sobre tela, técnica que a acompanha até os dias de hoje.

Suas obras fazem amplo uso de formas orgânicas, como os arabescos, as flores e folhagens, que compõem figuras ovais e circulares em um movimento contínuo e ritmado, como os passos de uma dança. Fato que se verifica na pintura Lilases (2022), a qual mescla elementos orgânicos e geométricos de diferentes tonalidades, conduzindo-nos até a imensidão do lilás - que remete à espiritualidade, à intuição e à sensibilidade. Já na pintura Mar profundo (2023), o azul predomina, tornando os elementos uma unidade quase indistinta e dotando a obra de um tom apaziguador. Nas duas pinturas, evidenciam-se motivos que giram em torno da feminilidade, dos adornos, da subjetividade humana e do movimento da vida em suas diferentes dimensões, que a cada olhar adquire um novo sentido, sem nunca se esgotar.

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